Lendas e Tradições
PITOS DE S.ta LUZIA
No dia de Santa Luzia, em Vila Real, manda a tradição que as raparigas da cidade ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, dedicado na liturgia a São Brás, os rapazes retribuam a oferta com a gancha. Para que não haja confusões, convém referir, que o pito é um bolo com recheio de doce de abóbora e, a gancha um rebuçado em forma de báculo bispal.
Os pitos de Santa Luzia foram inventados por Ermelinda Correia, que veio a ser mais tarde a Irmã Imaculada de Jesus, natural de Vila Nova em Folhadela. Esta rapariga tinha um defeito: era muito gulosa. Este facto obrigou seus pais a enclausurarem-na no convento de Santa Clara, na esperança de transformar o pecado em virtude.
A Irmã Imaculada tornou-se devota de Santa Luzia, padroeira dos cegos e das coisas da vista. Um certo dia estava a irmã a aplicar os curativos nos seus doentes (feridas, contusões e inchaços nos olhos), com uns pachos de linhaça, que eram uns quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrando as pontas para o centro para não verter a poção - usados como pensos para os ferimentos, quando de repente teve uma visão!
Correu para a cozinha e fez a massa de farinha e água e cortou-a em pequenos quadrados. Tinha consigo o cibo do açúcar que lhe cabia na ração, e fez uma compota de abóbora. À imagem dos pachos dobrou a massa por cima da compota e levou ao forno a cozer. A seguir despachou-se a esconde-los, pois estava proibida de ser gulosa. A caminho cruzou-se com a madre superiora que era cega. A madre perguntou desconfiada, o que leva no tabuleiro. Cheirando o perfume adocicado, a Irmã Imaculada apressa-se a responder que são pachos de linhaça para os doentes do dia seguinte.
À noite na cela, a irmã Imaculada sossegou a alma e não sequer se sentia culpada, pois sempre ouviu dizer que "do que não se vê, não se peca".
O dia 13 de Dezembro consagra à Irmã Imaculada de Jesus a criação destes doces regionais, e ainda hoje é celebrada esta tradição, na capela de Vila Nova.
VIA SACRA AO VIVO E DRAMATIZAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA
Tradicionalmente, no dia de Sexta-Feira Santa, realiza-se em Folhadela, a cerimónia da Via Sacra ao Vivo, que percorre algumas das ruas de Folhadela até ao Calvário improvisado junto à capela de Santa Luzia em Vila Nova. Tudo começa com a representação da Última Ceia no polivalente de Folhadela. Participam cerca de 40 figurantes, vestidos com trajes da época. No final os figurantes costumam colaborar na Procissão do Enterro do Senhor em Vila Real, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Vila Real.